Colchão tomando sol em casa onde tem criança é algo comum e normal. No entanto, após os cinco anos idade, o “xixi na cama” frequente deve ser observado com cautela. Com a pandemia, muitas crianças estão sofrendo com ansiedade e insegurança, pois tiveram suas rotinas completamente alteradas e percebem o estresse dos pais. Por isso, muitas que já estavam controlando o xixi voltaram a molhar a cama. Como agir nesses casos?
A enurese, termo de origem grega que significa “molhar-se ou urinar sobre si”, é definida como a perda involuntária de urina durante o sono, mesmo após a idade adequada (cerca dos cinco anos), quando em geral a criança já apresenta controle miccional.
Existem citações muito antigas sobre a ocorrência da enurese: em papiros egípcios foram encontrados relatos de casos e de diversos tratamentos, administrados tanto para a criança como para a mãe, demonstrando que acreditavam num caráter familiar da doença. Na época greco-romana, Aristóteles deu início às primeiras reflexões sobre as causas da enurese e o porquê da doença acometer crianças e não, por exemplo, idosos.
Os fatores causadores da enurese ainda não estão totalmente estabelecidos. Entretanto, existem três condições evidentes: a necessidade de urinar à noite, a falha de sinal que permita à criança acordar para urinar e o forte componente hereditário, ou seja, maior incidência de enurese em filhos de pais que apresentaram esse quadro na infância.
Existem ainda os fatores comportamentais, como as crianças que não costumam ir ao banheiro antes de deitar à noite. Nesse caso, os pais precisam insistir e colaborar para a criação desse hábito.
A deficiência de produção do hormônio antidiurético (ADH) e doenças, como a síndrome da bexiga hiperativa, são outras causas conhecidas desse distúrbio.
A enurese pode ser classificada em:
– primária: quando a criança nunca permaneceu seca por um longo período de tempo (mais de seis meses);
– secundária: quando, após longo período de controle miccional, a criança volta a fazer xixi na cama. Em geral, a enurese secundária está associada a alterações na vida da criança, como o nascimento de um irmão, separação dos pais, problemas na escola, ou, como disse no início, a insegurança que a pandemia nos trouxe… Também pode decorrer de doenças adquiridas do aparelho urinário, sistema nervoso ou distúrbios do sono.
Seja qual for a causa, nossa conversa deve focar o fato de que permanecer urinando na cama após os cinco anos pode causar grande impacto negativo, seja físico, psicológico ou social, na vida da criança, em especial se esse quadro se mantém até a adolescência. Quando ocorrem gozações e punições por parte dos familiares, seguramente haverá um agravamento da condição. Além disso, situações tão corriqueiras nessa idade, como dormir na casa de um amigo, podem se tornar muito constrangedoras e, consequentemente, comprometer a socialização da criança.
Devido ao seu pH ácido, o contato prolongado da urina com a pele e mucosa dos órgãos genitais pode produzir irritações e até mesmo, em alguns casos, infecções mais graves.
O diagnóstico da enurese é realizado através de uma história médica e exame físico minuciosos, incluindo a análise de causas psicológicas e emocionais, consumo de alimentos (principalmente líquidos ao fim do dia), frequência urinária e volume, bem como histórico do sono, verificando a hora que a criança dorme, a profundidade do sono, o momento que faz xixi na cama, relato de roncos e pesadelos. Dessa forma, a observação de todos os detalhes da rotina da criança poderá determinar ou não o diagnóstico dessa condição.
Alguns exames podem auxiliar na determinação dos motivos que levam a criança a urinar na cama, porém, são reservados para pacientes com alguma anormalidade física ou naqueles que também perdem urina durante o dia. Já o exame de urina é uma importante ferramenta, empregada para detecção de Infecção do Trato Urinário (ITU), diabetes e outras possíveis causas físicas.
Os tratamentos para a enurese buscam, basicamente, a eliminação da sua origem primária e, por isso, estão relacionados às causas. Psicoterapia, criação de novos hábitos urinários, medicamentos (em especial os anticolinérgicos e os análogos ao hormônio antidiurético), uso de alarme e fisioterapia podem ser utilizados para superar essa limitação, e dar à criança (ou ao adolescente) a chance de se desenvolver social e afetivamente de modo adequado.
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