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Disfunção Erétil: Quais as causas e tratamento?

Popularmente chamada de “impotência” sexual, a disfunção erétil é um problema que engloba mitos e tabus. O primeiro deles está relacionado com “falhar na hora H”. Esse tipo de episódio não é um problema de fato, mas sim uma situação corriqueira que pode acontecer com qualquer homem (aliás, vai acontecer, mais cedo ou mais tarde, embora a maioria de nós prefira negar). O cansaço do dia a dia é um dos fatores pra esse tipo de situação. Já a disfunção erétil é algo mais complexo que atinge uma parcela razoável dos homens, mas a boa notícia é que existe tratamento!

Chamamos de disfunção erétil (termo que surgiu em 1992, substituindo o termo “impotência sexual”) a incapacidade permanente de manter ou obter a ereção, impossibilitando a penetração. Essa incapacidade pode estar ligada a várias esferas da sexualidade (não especificamente ou apenas à ereção), como a ejaculação precoce, a falta de orgasmo ou mesmo de desejo. Assim, deixamos de utilizar o termo “impotência” e adotamos “disfunção erétil”, mais abrangente e consonante com o que vemos em consultório.

A preocupação do homem com a ereção é tão antiga quando a história da medicina. Na obra Dos Ares, Águas e Lugares, Hipócrates relacionou a alta incidência de impotência e infertilidade entre os povos Scythians com o trauma perineal decorrente da equitação em excesso. Outros autores gregos (entre eles Aristóteles) e árabes deixaram relatos sobre o problema.

O artista Leonardo da Vinci, gênio do Renascimento (século XV) e também fundador da medicina ilustrada, estudou o mecanismo da ereção dissecando cadáveres humanos. Ele percebeu que o pênis tornava-se ereto quando se enchia de sangue. Desde então, muitos estudos foram desenvolvidos. Essências afrodisíacas, recorrentes até os dias atuais, são pesquisadas há séculos para os distúrbios da sexualidade. Para se ter uma ideia do quanto essa preocupação é antiga, o uso de pênis artificial foi sugerido ainda no século XVI, por Ambroise Paré!

No Brasil, dados sobre a epidemiologia da disfunção erétil estimam que cerca de 25 milhões de homens com mais 18 anos sofram algum grau de disfunção erétil e que 11,3 milhões tenham disfunção moderada ou grave. Os números são realmente espantosos, principalmente tendo em vista que, segundo as projeções do IBGE, já somos mais de 100 milhões de homens no País, demonstrando que a disfunção deve ser considerada um problema de saúde pública importante em nosso meio.

A disfunção afeta drasticamente a qualidade de vida do homem e do casal, como todos sabemos. Além disso, pode estar acompanhada de outras doenças, que chamamos de comorbidades de base. Estudos apontaram que 50% dos homens com disfunção erétil apresentavam níveis elevados de HbA1c, tipo de hemoglobina diretamente relacionada ao diabetes. Muitos também foram diagnosticados com níveis preocupantes de colesterol.

Como o homem tende a não se preocupar com sua taxa de glicose ou colesterol, o que acaba o levando ao consultório é a disfunção erétil, servindo, deste modo, para diagnosticar várias patologias.

A disfunção erétil pode ter origem psicogênica (quando não há nenhum problema físico, mas sim psicológico), orgânica ou mista (psicogênica e orgânica). Independentemente do fator provocador, basicamente se constitui por um desequilíbrio entre a contração e o relaxamento da musculatura lisa do corpo cavernoso.

A identificação da disfunção psicogênica, orgânica ou mista é fundamental para direcionar o tratamento, que no primeiro e no terceiro grupo pode necessitar do acompanhamento de um psicólogo.

Para o diagnóstico, o urologista deverá levantar a história clínica do paciente de maneira criteriosa, com informações sobre a situação sexual, psicossocial e médica (dados sobre fatores de riscos, como hipertensão arterial, tabagismo, drogas recreacionais, medicamentos, diabetes, dislipidemia, doença arterial coronariana, distúrbios vasculares periféricos, antecedentes de radioterapia abdominal inferior, cirurgias ou traumas pélvicos).

Relatos sobre qualidade, frequência e duração das ereções, bem como alterações da libido, orgasmo e ejaculação, são extremamente importantes. A avaliação psicossocial, por sua vez, aborda o relacionamento pessoal com a parceira, problemas profissionais, sociais ou financeiros, uso de drogas e alterações mentais e afetivas.

No exame físico, o médico avaliará caracteres sexuais secundários, sinais de Distúrbio Androgênico do Envelhecimento Masculino (DAEM), presença de ginecomastia (aumento das mamas no homem), sistema vascular e neurológico, e aspecto da genitália.

Alguns exames laboratoriais também são solicitados: glicemia de jejum, perfil lipídico, dosagem de testosterona sérica. Caso os níveis de testosterona estejam abaixo do normal, solicita-se exame de outro hormônio, a prolactina.

Todas essas análises são necessárias porque a disfunção orgânica pode ser:

– vascular: obstruções arteriais crônicas (aterosclerose) e traumatismo;

– neurogênica: doença ou disfunção que afete o cérebro, medula espinhal ou a inervação periférica do pênis pode induzir à DE;

– endócrina: hormônios modulam a libido e a ereção peniana (testosterona, prolactina, hormônios tireoidianos) e podem interferir negativamente na ereção;

– tecidual: aumento de fibras colágenas e redução de fibras elásticas e do percentual de fibras musculares lisas dos corpos cavernosos, que ocorrem com o envelhecimento e em doenças degenerativas, podem provocar a disfunção veno-oclusiva.

– medicamentosa: efeitos secundários de medicamentos podem ocasionar distúrbios da libido, disfunções ejaculatórias e disfunção erétil.

É importante que você saiba quais são os principais fatores de risco para a disfunção erétil, pois alguns podem ser evitados com bons hábitos de vida:

– tabagismo;

– alcoolismo;

– diabetes mellitus;

– doenças cardiovasculares e hipertensão arterial sistêmica;

– outras doenças crônicas;

– medicamentos: vasodilatadores, anti-hipertensivos, hipoglicemiantes, antidepressivos, ansiolíticos;

– drogas: maconha, codeína, cocaína, heroína, metadona;

– alterações hormonais: DAEM, hipotireodismo, hipertireodismo, hiperprolactinemia;

– cirurgias: neurocirurgias, laminectomia lombar, linfadenectomia retroperitoneal, aneurismectomia abdominal, cistoprostactectomia radical, prostatectomia radical.

Atualmente, existem diferentes formas de tratamento para a disfunção erétil, de acordo com a causa e o perfil do paciente, apresentando resultados animadores.

Os medicamentos orais são a primeira escolha em muitos casos. Se o paciente não evoluir de forma favorável, busca-se a terapia intracavernosa, com injeções de prostaglandina E1. No entanto, essa forma de tratamento está contraindicada em casos de infecção local, doença psiquiátrica grave, uso de inibidor da monoamino-oxidase (MAO), anemia falciforme, problemas de visão, obesidade e falta de destreza manual para realizar a aplicação. Menos de 1% dos pacientes que utilizam essa terapia desenvolvem priapismo (ereção persistente, por mais de 4 horas, acompanhada de dor), por isso deve ser utilizada com rigor e acompanhamento médico periódico. Em longo prazo, outras complicações podem aparecer, mas também em baixos índices.

Paciente com disfunção erétil de causa orgânica que esteja contraindicado a utilizar a terapia medicamentosa oral ou intracavernosa, ou que não obteve resultados satisfatórios com elas pode se beneficiar com o implante de prótese peniana.

O procedimento é irreversível, por isso o homem precisa estar muito bem informado antes de tomar a decisão. Existem diferentes tipos de prótese (flexível e inflável), mas nenhum é capaz de aumentar o tamanho do pênis: seu objetivo é somente resolver o problema de rigidez. Atualmente, essas próteses estão bem desenvolvidas e são muito bem aceitas.

Há dois tipos de próteses penianas: as maleáveis e as infláveis. As maleáveis são feitas de silicone. Apesar do pênis ficar esticado, podem ser dobrado. São de fácil aceitação pelos homens. Já as próteses infláveis são formadas de cilindros que se inflam de soro fisiológico por meio de um sistema acionado no escroto que envia o soro do reservatório na região supra-púbica para os cilindros. Dessa maneira o pênis fica flácido, ganhando rigidez quando acionado.

Próteses penianas

É inegável que tais próteses devolvem qualidade de vida ao homem, pois proporcionam relações sexuais satisfatórias. Mesmo assim, ressalto a importância do diagnóstico e de uma análise global do indivíduo: caso o paciente apresente outros problemas além da ereção, como falta de desejo ou ejaculação precoce, um tratamento psicológico paralelo é fundamental.

A história de vida do homem, incluindo a iniciação da sexualidade, educação repressora, sentimentos de culpa, etc, podem interferir na função sexual e, nesses casos, apenas o tratamento medicamentoso em geral não é suficiente.

Fato é que pesquisas nesta área estão em constante evolução. O futuro do tratamento da disfunção erétil deverá englobar, além de novos medicamentos, a análise de fatores de crescimento, revascularização do pênis e terapia gênica, corrigindo geneticamente erros do metabolismo que prejudicam a função sexual.

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